quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Caixinha das Memórias

Faz alguns anos que tenho uma gaveta especial no meu armário, reservada a objectos memoráveis e fotografias antigas. Quando guardo uma recordação lá dentro, sei que esse pedaço de papel, artigo, - seja o que for, - vai lembrar-me de uma pessoa ou episódio da minha vida. Não no momento em que a coloco, nem sequer uns meses depois, mas passados alguns anos, quando a sua importância se revelar na linha do tempo.

Durante a maior parte do ano, deixo essa gaveta intocável. Só a abro para pôr algo novo, ou nas ocasiões para que a criei.

Quando me sinto triste ou desiludida, quando o mundo parece um lugar hostil e julgo que os meus amigos não me dão importância... quando penso que desperdicei os últimos anos, o conteúdo da gaveta entra em acção. Passo os dedos pelas coisas, uma a uma. Sinto-lhes o cheiro, a textura, o sentimento. Quando são cartas, abro uma e bebo-lhe as letras.

E aí percebo que sempre existi e que o filme do meu passado não está vazio nem carcomido. Invadem-me as imagens e os rostos, as palavras e as emoções. A minha vida são mais que fragmentos: é um fio condutor, que liga todas memórias, criando quem sou hoje.

Há poucos dias, abri essa gaveta. Julguei que poucos amigos deixaria que sentissem a minha partida. E dei com algumas coisas que tive vontade de partilhar.

Uma mensagem oferecida por uma amiga. Já não temos muito contacto hoje, mas é uma das pessoas que dificilmente esquecerei.

Cartas de pen-friends. Duas delas eram brasileiras. Conheci-as num RPG online, de escrita criativa.

O suporte para o lenço das Guias. Só fui a um acampamento, mas foi memorável (até porque apanhei um fungo no pé, do qual nunca mais me livrei).


Medalha ganha no ensino básico, com um trabalho de grupo sobre o Halloween. Era um placar grande com uma bruxa e outros enfeites. Creio que são os meus colegas de grupo que o têm.

Um cartão de Natal feito pelo meu irmão, quando era um pirralhito.

Um mini-dicionário oferecido por uma professora de Francês. É mesmo muito pequenino. E sim, eu era a teacher's pet, mas apenas porque as minhas colegas passavam as aulas a pintar as unhas, pentear os cabelos e gozar com os professores.

Um marcador de livros vindo do Japão, também trazido por uma amiga.

Os desenhos com que me entretinha, quando trabalhava no balcão de Cartão Continente. Havia muitos tempos mortos, em que só conversávamos ou fazíamos destas brincadeiras.

E por último, porque também despertará as memórias de alguns leitores:

Um click da Axe! A contagem estava a 0, mas juro que lhe cliquei muitas vezes... era um bom substituto para bolas anti-stress.
E...

Um KitPop! Digam-me que também tiveram um destes!

 Portanto, se têm pensamentos negativos frequentemente, comecem já a criar a vossa caixinha de memórias. Ou diário. Seja qual for o modelo preferido.

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