quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Espera...

Há dias em que penso que se tivesse um blog onde escrever as coisas que me passam pela cabeça, seria muito mais interessante. No entanto, teria vergonha de o mostrar às pessoas que me conhecem.

E assim... Acho que quero é um diário.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A chuva



Finalmente, podemos dizer que o Outono chegou para ficar. Está na hora de suspender as passeatas e tirar as mantas do armário.

domingo, 2 de outubro de 2011

Dos pais e do tempo

Não se trata o presente post de um lamento, apenas de uma mera constatação dos factos da vida.

Durante o tempo em que vivi em casa dos meus pais, até começar a trabalhar, fintei-me frequentemente de os ajudar com todo o tipo de tarefas. Até a coisas tão simples como ir às compras era capaz de responder com um “não tenho tempo” e perder, de seguida, umas quantas horas a navegar à toa pelas internets, enquanto eles abdicavam do pouco tempo de descanso que lhes restava para fazer tarefas que me deveriam caber a mim e ao meu irmão.

Não digo que nunca ajudei, apenas que não fiz o suficiente para lhes permitir uma vida um pouco mais confortável. Devido a problemas de organização, aliados à estupidez da adolescência e dos tempos de universidade, não era capaz de me atrasar meia hora às cafezadas com amigos para permitir que eles descansassem mais um pouco de um dia cansativo de trabalho.

Mas a lógica dos pais é inversa à dos filhos e é por isso que, durante muitos anos, não os conseguimos compreender: quanto mais tempo e recursos nos dedicam, mais felizes se sentem.

E por isso, certos filhos, como eu, acabam por abusar da boa vontade dos pais, sem disso se aperceberem. Não irei mencionar qualquer situação passada, uma vez que é algo desnecessário. O que interessa é que abdicaram do seu tempo e conforto para nos proporcionar essas mesmas coisas, muitas vezes sem ouvir um obrigado.

Recentemente, mudei de casa. Por telefone, os meus pais aperceberam-se que me sentia algo infeliz com as condições do novo apartamento e decidiram que, como presente de aniversário, me ajudariam a torná-lo confortável. Não recusei a ajuda porque julguei que, no fim de semana, marcado com duas semanas de antecedência, teria já as melhores condições para os receber, e não seria necessário fazerem nada.

Contudo, o dia chegou e os nossos esforços não permitiram que a casa estivesse já perfeita. Em resultado, os parentes incansáveis passaram  grande parte do fim de semana a arranjar e afinar detalhes, entre não-sei-quantas idas às mil e quinhentas lojas dos chineses que há por estes lados. Aproveitaram para conhecer um pouco da cidade, mas estavam determinados a ajudar-me a pôr tudo em perfeitas condições.

Os meus pais também “não têm tempo” e poderiam ter-me respondido isto, caso lhes tivesse pedido ajuda, que ofereceram se qualquer requisito. No entanto, conduziram quatro horas e passaram o fim de semana a arranjar uma casa que não é deles. Abdicaram dos seus amigos por dois dias para partir numa aventura de renovação doméstica.

Note-se que a referência aos amigos é uma pequena piada, uma vez que a minha mãe trabalha oito horas diárias e tem aulas na universidade todos os dias depois do trabalho, chegando a casa à meia noite. Tinha um teste na segunda feira e, mesmo assim, não a consegui impedir de vir. Não quero imaginar o tempo que perdeu aqui e em que poderia ter estado a estudar.

No entanto, saíram de cá satisfeitos com a obra e felizes por ter ajudado. E lá foram conduzir mais quatro horas. Constituiu uma pequena alteração na sua rotina e, no fim de contas, valeu a pena para ambas as partes.

É por isso que às vezes gostava de ter “perdido” uma hora do meu precioso tempo a fazer uma tarefa em vez de ir passear, conversar no msn ou enfiar-me no sofá a ver televisão. Todas estas coisas podiam ter esperado por mim e a vida dos meus pais ficaria um pouco mais facilitada. E quanto ao que me mantinha sempre em modo ocupado, acordar um pouco mais cedo para aspirar o quarto não me teria feito crescer cabelos brancos.

Às vezes penso nisto e sinto vergonha. Mas faz parte da progressão natural da vida, esquecer um pouco o esforço das pessoas que sempre se preocuparam connosco, porque nunca deixaram de estar lá. Porque sorriram nas alturas em que nos deveriam ter repreendido.

E um dia percebemos.