Hoje, ao sair para o supermercado, vi uma turma de crianças com cerca de cinco anos à espera do sinal verde na passadeira. O “inédito” disto foi o facto de terem começado a cantar aquela famosa canção brasileira, que actualmente anda mais na moda que o É o Bicho, quando saiu o videoclip do Iran Costa a representar o papel de Godzilla.
Na minha modesta opinião, deviam pôr as crianças a cantar isto:
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Um balde de água fria
Todos estamos à procura de algo na vida, que, em certas alturas, pode conduzir à beira do desespero. Para muitos de nós, é um emprego, de modo a podermos deixar de abusar do dinheiro bem ganho pelos nossos pais.
Contudo, às vezes não há. Saímos da universidade com um diploma que só serve para pendurar na parede - e, no meu caso, o da ESCS é tão feio que nem isso quero fazer! Se bem que o curso em si não me foi exactamente inútil, mas isso é uma história para contar mais tarde.
De qualquer maneira, é frequente, durante a procura de emprego, só conseguirmos encontrar “desafios” e demais funções em que não nos querem remunerar, pois a licenciatura é o único argumento de peso no currículo. Sabemos que podemos ser bons e irrita que ninguém acredite. Mas a verdade é que um jovem que sabe ter potencial e não faz nada com isso é tão competente como um cocó de pombo no vidro de um carro.
É um facto que hoje em dia ninguém que gastar dinheiro sem provas de que lhe vai servir para alguma coisa. Os patrões também são assim, e por que raio se dariam ao luxo de contratar alguém que não sabe fazer nada, quando, muitas vezes, também não têm o tempo ou a capacidade para os ensinar? É muito bonito falar em ensino e formação dentro das empresas, mas até que ponto é sustentável para uma firma ensinar alguém do zero? Para conseguir uma entrevista que seja, é preciso mostrar capacidade ou talento, ou ambos, dependendo das áreas.
E mesmo isso não garante que fiquemos com o trabalho, porque como nós há muitos!
E no meio disto, temos pessoas como o Miguel Gonçalves, a sugerir-nos que encaremos o mercado de trabalho como uma oportunidade de negócio. O seu discurso no Prós-e-Contras, gozado na altura pela apresentadora, serviu de inspiração ao país inteiro e pôs muita gente a pensar que consegue. Contudo, ele não está a falar para ti, que passas o dia enfiado(a) em redes sociais e a ver televisão. Também não se dirige, necessariamente, a quem já sabe muito: o seu discurso serve, no entanto, para quem está disposto a sacrificar-se, a errar e arriscar, e a suar as estopinhas para obter aquilo que quer.
E com a quantidade de pessoas da minha idade que vejo cheias de coisas - roupas novas, computadores, smartphones, carros - e que não faz ideia do que é trabalhar, começo a perguntar-me se há assim tanta gente disposta a sacrificar-se. Afinal, os pais dão-lhes tudo e trabalhar implicaria perder alguns desses luxos. Mas os pais não podem ajudar os filhos para sempre e um dia estes começam a sentir vontade de sair de casa.
E o que importa aqui? É perceber o que queremos. Pode não ser na nossa área de formação ou podemos pura e simplesmente não ter nada feito para mostrar. Se assim for, aprendemos. Pode levar meses, anos, mas durante esse tempo temos que estar dispostos a lutar, e a chorar, e a sangrar para sermos melhores. Enfim, usar as nossas potencialidades. Podemos ter que aceitar os chamados “desafios”, se não nos sentirmos confortáveis com o trabalho que fazemos e precisarmos de aprender mais um pouco com os “tubarões do desafio”, que querem escravos para produzir sem terem que lhes pagar um tusto. Pode até ser preciso ir para longe de casa e enfrentar uma cidade, ou um país, ou uma cultura diferente.
Mas vai haver um dia em que olhamos para trás, para o trabalho já feito, e de repente o sacrifício faz sentido, mas não queremos mais: está na hora de fazer algo a sério. E aí, meus amigos, já têm alguma coisa para mostrar numa entrevista.
Depois de dois anos a aceitar “desafios”, fui chamada para uma entrevista de trabalho a sério. Estava doente e passei o tempo a tossir, mal consegui falar, sem ser para mostrar a paixão pelo meu trabalho e portefólio. Saí de lá a pensar que já tinha sido excluída, mas afinal consta que passei à frente de não sei quantos marmanjos.
Porquê? O que importa é que o teu trabalho seja bom e que mostres capacidade de vencer a letargia e a preguiça. Também importa a paixão por aquilo que fazes. Hoje em dia, se não há gosto, não vale a pena o sacrifício - é preferível partir para outra ou tentar arranjar emprego no comércio, onde não te pedem capacidades especiais, a não ser uma paciência do caraças - mas isso terás que ter sempre, seja onde for que escolhas ganhar o teu dinheiro.
Contudo, às vezes não há. Saímos da universidade com um diploma que só serve para pendurar na parede - e, no meu caso, o da ESCS é tão feio que nem isso quero fazer! Se bem que o curso em si não me foi exactamente inútil, mas isso é uma história para contar mais tarde.
De qualquer maneira, é frequente, durante a procura de emprego, só conseguirmos encontrar “desafios” e demais funções em que não nos querem remunerar, pois a licenciatura é o único argumento de peso no currículo. Sabemos que podemos ser bons e irrita que ninguém acredite. Mas a verdade é que um jovem que sabe ter potencial e não faz nada com isso é tão competente como um cocó de pombo no vidro de um carro.
É um facto que hoje em dia ninguém que gastar dinheiro sem provas de que lhe vai servir para alguma coisa. Os patrões também são assim, e por que raio se dariam ao luxo de contratar alguém que não sabe fazer nada, quando, muitas vezes, também não têm o tempo ou a capacidade para os ensinar? É muito bonito falar em ensino e formação dentro das empresas, mas até que ponto é sustentável para uma firma ensinar alguém do zero? Para conseguir uma entrevista que seja, é preciso mostrar capacidade ou talento, ou ambos, dependendo das áreas.
E mesmo isso não garante que fiquemos com o trabalho, porque como nós há muitos!
E no meio disto, temos pessoas como o Miguel Gonçalves, a sugerir-nos que encaremos o mercado de trabalho como uma oportunidade de negócio. O seu discurso no Prós-e-Contras, gozado na altura pela apresentadora, serviu de inspiração ao país inteiro e pôs muita gente a pensar que consegue. Contudo, ele não está a falar para ti, que passas o dia enfiado(a) em redes sociais e a ver televisão. Também não se dirige, necessariamente, a quem já sabe muito: o seu discurso serve, no entanto, para quem está disposto a sacrificar-se, a errar e arriscar, e a suar as estopinhas para obter aquilo que quer.
E com a quantidade de pessoas da minha idade que vejo cheias de coisas - roupas novas, computadores, smartphones, carros - e que não faz ideia do que é trabalhar, começo a perguntar-me se há assim tanta gente disposta a sacrificar-se. Afinal, os pais dão-lhes tudo e trabalhar implicaria perder alguns desses luxos. Mas os pais não podem ajudar os filhos para sempre e um dia estes começam a sentir vontade de sair de casa.
E o que importa aqui? É perceber o que queremos. Pode não ser na nossa área de formação ou podemos pura e simplesmente não ter nada feito para mostrar. Se assim for, aprendemos. Pode levar meses, anos, mas durante esse tempo temos que estar dispostos a lutar, e a chorar, e a sangrar para sermos melhores. Enfim, usar as nossas potencialidades. Podemos ter que aceitar os chamados “desafios”, se não nos sentirmos confortáveis com o trabalho que fazemos e precisarmos de aprender mais um pouco com os “tubarões do desafio”, que querem escravos para produzir sem terem que lhes pagar um tusto. Pode até ser preciso ir para longe de casa e enfrentar uma cidade, ou um país, ou uma cultura diferente.
Mas vai haver um dia em que olhamos para trás, para o trabalho já feito, e de repente o sacrifício faz sentido, mas não queremos mais: está na hora de fazer algo a sério. E aí, meus amigos, já têm alguma coisa para mostrar numa entrevista.
Depois de dois anos a aceitar “desafios”, fui chamada para uma entrevista de trabalho a sério. Estava doente e passei o tempo a tossir, mal consegui falar, sem ser para mostrar a paixão pelo meu trabalho e portefólio. Saí de lá a pensar que já tinha sido excluída, mas afinal consta que passei à frente de não sei quantos marmanjos.
Porquê? O que importa é que o teu trabalho seja bom e que mostres capacidade de vencer a letargia e a preguiça. Também importa a paixão por aquilo que fazes. Hoje em dia, se não há gosto, não vale a pena o sacrifício - é preferível partir para outra ou tentar arranjar emprego no comércio, onde não te pedem capacidades especiais, a não ser uma paciência do caraças - mas isso terás que ter sempre, seja onde for que escolhas ganhar o teu dinheiro.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
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